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Covid-19

Como lidar com o home office em tempos de pandemia?

Algumas atitudes podem ajudar os servidores a encarar a nova rotina em casa. Confira as dicas!
por Laura Silveira publicado: 26/03/2020 08h53 última modificação: 26/03/2020 08h57

Desde o dia 18 de março, servidores do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) têm lidado com uma nova rotina devido à suspensão das atividades em virtude do novo coronavírus (Covid-19). Como medida de enfrentamento à pandemia, foi estabelecido nos dez campi e reitoria, pela primeira vez, o trabalho remoto.

De repente, todos nós passamos a viver uma nova realidade, não só pelo home office, mas também pelas particularidades trazidas pela pandemia. Crianças sem aulas, isolamento das famílias em suas casas, falta de contato com idosos e pessoas do grupo de risco, e incertezas, muitas incertezas.

Diante deste contexto, decidimos bater um papo – via Whatsapp, claro – com a psicóloga da reitoria, Taline Costa, para que ela nos ajudasse a refletir a respeito das dificuldades, além de sugerir formas de encarar este novo panorama.

“Não tem como refletir sobre as dificuldades de um home office se a gente não refletir sobre tudo que está embutido nisso. Filhos, fazer o almoço, manter a casa limpa, o computador não funcionar direito, tudo isso interfere na questão, mas estamos vivenciando uma situação que é muito mais ampla do que isso”, aponta a psicóloga.

Para Taline, o fato de trabalhar em casa se torna mais difícil para algumas pessoas por conta da instabilidade atual.

“Por mais que, conscientemente, a gente não esteja pensando diretamente sobre as incertezas, elas estão permeando nosso cotidiano, e a concretização dessas incertezas vem, atualmente, com o home office”, aponta a psicóloga Taline Costa.

“São muitas as incertezas que, neste momento, estão permeando a nossa subjetividade, quanto à própria saúde, à saúde da família e a dos colegas do IFMS, inclusive. Por mais que, conscientemente, a gente não esteja pensando diretamente sobre essas incertezas, elas estão permeando nosso cotidiano, e a concretização das mesmas vem, atualmente, com o home office”, pontua.

Ou seja, a certeza que antes se tinha de sair todos os dias para ir ao trabalho não existe mais. “Você tinha que fazer outras coisas também, mas ir para o trabalho era uma certeza quase que compulsória, e agora nem isso a gente faz mais, o que vem como uma concretização do que a gente está denominando como isolamento”.

Segundo a psicóloga, tal termo é questionável, já que a tecnologia atualmente permite a interação humana a distância.

“A tecnologia nos proporciona interagir por outros meios que não o contato físico. É difícil a gente falar em isolamento porque, por mais que eu estivesse, de fato, trancafiada dentro de casa, eu não estaria isolada. Estamos falando da cultura de um tempo, e das organizações sociais de um momento histórico”, ressalta.

A partir dessas reflexões, é hora de conferir as principais dicas apontadas por Taline para que se consiga enfrentar a situação da melhor forma possível, seja nas questões práticas do dia a dia em home office, seja nas questões psicológicas e individuais de cada um. Vamos lá!

É hora de planejar!
Se você está com dificuldade em se planejar, faça um brainstorm, coloque tudo no papel, atividades e prazos, organize por ordem, o que tem que entregar primeiro, o que pode entregar depois. Divida essas atividades numa agenda, sem se sobrecarregar, sendo realista nessas projeções, de acordo com os seus próprios limites. Caso as tarefas domésticas sejam uma questão importante pra você, elas devem estar inseridas neste planejamento. Por exemplo, não planeje só uma hora de intervalo de almoço se precisar fazer comida para os filhos, coloque duas horas e anteveja essa alimentação, verifique se tem o que precisa em casa, ou se precisa ir ao mercado comprar ou se irá pedir para entregar a comida em casa.

Perceba que o trabalho e as relações pessoais ainda existem, só que de forma diferente
O chamado isolamento não implica, necessariamente, que as pessoas não estejam se relacionando umas com as outras, mas sim que estão se relacionando de outra forma, assim como o home office implica em trabalhar de formas e enfoques diferentes. Entenda que não vai ser igual, e que isso não é melhor nem pior, mas que é diferente. Tenha em mente que o seu trabalho vai ter características e resultados diferentes do que teria em outro contexto. Talvez você consiga passar a manhã toda se dedicando à revisão de um documento, por exemplo. Da mesma forma, as relações não vão parar de se dar, mas se dão de forma diferente. O fato é: estamos vivendo os mesmos paradigmas em diferentes contextos. Você não vai mais encontrar seus colegas no trabalho, não vai mais ver seus amigos numa festa, mas pode marcar de conversar no WhatsApp, por uma videoconferência, e isso ainda pode ser legal, pode lhe acrescentar, como lhe acrescentaria encontrá-los pessoalmente. Isso também acontece com o trabalho. Você pode não desempenhar as coisas exatamente como faria estando no IFMS, mas vai desempenhar sim, e de repente, algumas coisas até melhor. Talvez você até se reinvente e reaprenda a se relacionar e a trabalhar.

Não banalize seus sentimentos
Não fique tentando se convencer que está bem, se você realmente não estiver. Algumas pessoas podem ficar tranquilas em relação a estar dentro de casa neste chamado isolamento, e em relação ao home office, mas também não significa que elas vão estar bem com isso o tempo inteiro. O ser humano oscila, se você fosse um gráfico, não seria uma linha reta. Todos transitam por afetos e emoções, então é importante lidar de forma natural com os altos e baixos, com suas dificuldades.

Entenda quais são suas facilidades, e o que gosta de fazer
Se estiver se sentindo ansioso, pensando que gostaria de sair de casa, pense o que pode fazer para melhorar. Isso inclui ler um livro, assistir a um filme, acessar um vídeo e fazer uma aula de alongamento. Enfim, entender o que, pra você, na sua posição, vai te fazer bem. Primeiro é necessário aprender a se entender, aceitar o que está sentindo, para depois pensar o que pode fazer, o que pode ser legal para intervir nas situações de ansiedade.

Tenha consciência de que você não está no controle, e que nunca esteve
Há uma questão muito importante nesta situação em meio à pandemia relacionada à imprevisibilidade. O ser humano tem dificuldade de lidar com a situação de incerteza porque tem necessidade de controle, não somente de si mesmo, mas do que está no entorno. Está o tempo inteiro controlando desde seu próprio corpo até sua subjetividade, controlando as variáveis ao redor. Na verdade, a vida é imprevisível. Por mais que você tente, consegue controlar só certas variáveis, mas quando ocorre esse tipo de evento como o coronavírus, é como se a vida dissesse que você não controla nada. Quando ocorre um panorama como esse, de interferirem na sua vontade, no seu desejo, na sua rotina, no que você escolhe vivenciar no seu dia, você se encontra numa situação limítrofe e que independe das suas vontades, portanto, não existe controle.

Estabeleça horários para estar com as crianças
Dependendo da idade dos filhos, é necessário conversar com eles e explicar a situação, em linguagem apropriada para que possam entender. Também é bom planejar com eles o que querem fazer, do que querem brincar. É importante que você dedique um tempo do dia para estar com a criança, porque não adianta só atribuir atividades a ela, ela também quer conviver com você, participar. Lembre-se: seus filhos também estão em isolamento e também têm as dificuldades próprias para lidar com isso.

Por fim: esteja atento, mas também se deixe levar pelo que te faz bem
Em tempos como esse, é mais que necessário estar atento. Isso não significa se render ou se jogar ao desespero das notícias, mas sim buscar um meio termo. Ou seja, você precisa estar atento ao que está acontecendo, se informar em veículos de comunicação confiáveis, mas tentar lidar com isso da forma mais natural possível. A partir dessa consciência, você pode estar com sua saúde preparada, sendo que a saúde é física, mental e social. Por isso é importante cuidar das relações pessoais e da sua subjetividade. Manter atividades que te façam bem e interagir com as pessoas, não só sobre a doença, mas além dela, até para estar preparado para a situação.

Saiba mais - Gostou do tema? Quer saber mais sobre como encarar o home office em tempos de pandemia? Então acesse a página IFMS contra o coronavírus e confira os podcasts com a Taline a respeito da mesma temática!

Na página você também encontra todas as ações que o IFMS está tomando diante da pandemia, além de formas de prevenção à Covid-19, documentos institucionais referentes à situação e outras informações.

Agora, se você acredita que não está conseguindo lidar sozinho com toda essa situação, procure um psicólogo da instituição e converse com ele. Lembre-se: cuidar de si é cuidar de todos!