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Saúde

Você sabe o que é uso racional de medicamentos?

Doses adequadas e respeito ao período correto do tratamento são fundamentais para que remédios tragam benefícios e não riscos à saúde
por Laura Silveira publicado: 22/06/2017 09h00 última modificação: 22/06/2017 14h12

“A diferença entre medicamento e veneno é a dose”. A famosa frase de Paracelso, médico e físico do século XVI, resume em parte o que significa o uso racional de medicamentos, tema tão importante mas que ainda causa dúvidas na população.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), “entende-se que há uso racional quando pacientes recebem medicamentos apropriados para suas condições clínicas, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade”.

"Temos que lembrar que estamos tomando uma substância química, então devemos ficar atentos se é a medicação correta, na dose e períodos certos”, destacou a farmacêutica clínica Cynthia Antonielly Felicio.

Em resumo, não basta simplesmente ir ao médico ou à farmácia. Para que o remédio faça o efeito esperado no organismo, o paciente deve ficar atento à dose recomendada e ao período do tratamento.

Outros aspectos importantes dizem respeito ao momento em que o remédio é usado (em jejum ou com o estômago cheio, por exemplo) e às combinações feitas entre vários medicamentos (interações medicamentosas), o que pode diminuir ou até anular a eficácia do fármaco e, o que é pior, causar males à saúde.

O assunto foi tema de uma palestra realizada na última segunda-feira, 19, no auditório da reitoria, pelo Núcleo de Atenção a Saúde do Servidor (Nuase). Servidores e funcionários participaram da atividade, ministrada pela farmacêutica clínica e professora Cynthia Antonielly Felicio.

Na palestra, a profissional abordou questões do cotidiano de pacientes, e fez alertas ao uso indiscriminado de remédios, inclusive chás. Apontou, ainda, interações medicamentosas que podem correr e alguns erros comuns que as pessoas cometem na hora de se medicarem.

“Todo mundo tem em casa uma caixa com vários remédios, uma 'farmacinha' particular. Mas, quem cuida da validade desses produtos? Muitos tomam até vencido sem nem saber. Temos que lembrar que estamos tomando uma substância química, então devemos ficar atentos se é a medicação correta, na dose e períodos certos”, destacou a palestrante.

Segundo a farmacêutica, há três tipos de pacientes que fazem com que o tratamento não tenha o efeito desejado:

  • Excessivo: toma remédios em doses maiores às recomendadas ou por um período maior do que o indicado; 
  • Econômico: deixa de tomar o remédio antes do que deve, pula dias de tratamento ou só toma quando está com sintomas;
  • Esquecido: esquece de comprar o fármaco, de levar para o trabalho ou quanto viaja, ou simplesmente não lembra de tomar.

Quer que o tratamento dê certo?  Então, anote aí! – Confira abaixo alguns dos erros mais comuns apontados pela farmacêutica em relação ao uso de medicamentos, e algumas dicas para que o tratamento seja eficaz:

Erros comunsDicas
Tomar o medicamento apenas quando está com o sintoma (dor, por exemplo). Se a indicação é tomar de oito em oito horas, cumpra isso, senão a dor pode voltar e você achar que é o remédio que não fez efeito, mas foi você que não o tomou corretamente. Importante seguir uma rotina fixa e organizada de horários para tomar os medicamentos.
Não se deve esperar o remédio acabar para, então, ir comprar mais. Às vezes o paciente fica uma semana sem tomar, interrompendo o tratamento. Faça o descarte consciente dos fármacos. Leve os remédios vencidos até uma farmácia, onde há locais apropriados para descarte. Eles, depois, serão incinerados e não jogados no meio ambiente.
A pessoa escuta indicações de remédios de vizinho, parentes, e acha que só porque funcionou para eles, também vai funcionar para si mesma. Nem sempre é assim, cada organismo reage de uma maneira. Cuidados especiais são necessários para pessoas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Esses pacientes fazem uso de medicação regular, e algumas delas podem sofrer interação medicamentosa com outras de uso recorrente.
Um dos grandes erros é buscar informações de medicamentos no “doutor Google”, em sites nada confiáveis. Atenção também especial deve ser dada às crianças, tanto na hora de realizar o tratamento (doses certas, remédios realmente indicados para elas), como o acesso que elas possam vir a ter a remédios dentro de casa. Sempre deixar os medicamentos em locais que elas não possam alcançar, para evitar acidentes.
Bebidas alcoólicas devem ser evitadas, principalmente quando o paciente estiver tomando remédios antifúngicos, antibióticos e medicamentos que atuam no sistema nervoso central. Hipertensos devem tomar, sim, a medicação de controle da doença, inclusive nos dias em que forem consumir álcool.
Apesar de não parecer, chás possuem substâncias químicas e podem interferir no tratamento.  A melhor forma de tomar remédio é com água. Leite, chás e bebidas alcoólicas não são indicados. 
Não abra cápsulas nem mastigue comprimidos. Isso pode prejudicar a absorção do fármaco pelo organismo. Remédios genéricos são confiáveis, até mais seguros que os remédios chamados de similares.

Se não é médico, não prescreva remédios  Você, servidor, pode até achar que esse tema não tem relação alguma com sua vida, que nunca teve nem terá uma experiência negativa ao lidar com medicamentos, mas dados revelam que a intoxicação medicamentosa faz diversas vítimas todos os anos - algumas delas chegam até ao óbito!

Vamos a uma situação do cotidiano. Você já deu algum remédio para um colega de trabalho que estava com dor muscular ou dor de cabeça? Pois é, até uma atitude simples como essa tem seus riscos.

“Em 2015, eu trabalhava como enfermeira na Secretaria Estadual de Saúde. Uma colega, também enfermeira, estava com dor de cabeça e pediu algum remédio para parar a dor. Dei a ela um analgésico que tinha. Meia hora depois, ela começou a se sentir fraca e decidimos ver quais eram os princípios ativos da medicação. Tinha cafeína, substância a que ela era alérgica. Minha colega entrou em pânico e começou a passar mal”, relatou Suellen Monteiro, enfermeira do IFMS responsável pelo Núcleo de Atenção a Saúde do Servidor.

Reforçamos aqui que Suellen deu o remédio como colega de trabalho, e não como enfermeira. Profissionais de enfermagem não estão aptos à prescrição de medicamentos. O fim da história foi feliz – a colega foi levada ao pronto socorro, mas ficou apenas em observação já que a dosagem da cafeína no analgésico era muito pequena –, mas fez a enfermeira aprender uma lição: sempre indicar a pessoa a procurar atendimento especializado.

“Como profissional da enfermagem, nunca dei medicamentos a ninguém. Depois dessa experiência, também não dou para pessoas da família ou colegas de trabalho. O problema é que, no momento em que a pessoa está com o sintoma esquece de outras situações, como alguma alergia que possa ter. O ideal é ir para o pronto atendimento, porque dentro do hospital, se acontecer qualquer situação por conta do medicamento, tem estrutura para reverter o quadro”, sugeriu.

Informação é tudo! – Disponibilizamos, abaixo, alguns materiais que podem ajudar na compreensão do tema:

- Apresentação completa em PDF que a farmacêutica Cynthia ministrou aos servidores da reitoria.
- Cartilha para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos, publicada pelo Ministério da Saúde.
- Vídeo sobre automedicação, produzido pelo Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto:

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Assunto(s): Medicamentos, Saúde, Farmácia