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Entrevista

Luiz Simão Staszczak

Do Paraná ao Mato Grosso do Sul, conheça a trajetória do Pró-reitor de Pesquisa e Inovação
publicado: 18/05/2015 15h21 última modificação: 03/03/2016 09h16
Ascom/IFMS

Quem estuda ou visita a sede provisória do Câmpus Corumbá, no Espaço Educacional, dificilmente imagina que a antena localizada no telhado do prédio, que permitiu o início das atividades do IFMS no município com a oferta de cursos a distância, foi instalada pelo único candidato a reitor da primeira consulta ao cargo na história da instituição, Luiz Simão Staszczak.

Natural de Ponta Grossa (PR), Luiz Simão tem 52 anos e atua desde 1993 na educação profissional e tecnológica. Na entrevista que concedeu à Assessoria de Comunicação Social, o atual pró-reitor de Pesquisa e Inovação fala sobre a atuação na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (ex-Cefet), conta como foi o desafio de se mudar para Mato Grosso do Sul e ajudar na implantação do IFMS e reflete sobre as motivações que o levaram a ser o primeiro candidato da história ao cargo de dirigente máximo e dos planos que tem, caso seja eleito.

No bate-papo, Simão revela ainda por que gosta tanto do bolo Maria, quitute sempre associado à presença do pró-reitor em qualquer confraternização da qual participa. Confira abaixo a íntegra da conversa.

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Como o senhor ingressou na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica?


Eu iniciei em 1993 como professor substituto de Física no Câmpus Ponta Grossa do Cefet do Paraná [desde 2005, Universidade Tecnológica Federal do Paraná]. No final do mesmo ano, fui aprovado em concurso público e comecei as atividades como professor de Física. Entre 1994 e 2004, tive a oportunidade de atuar na área de gestão, passando pela divisão de ensino, coordenações de cursos, gerência de ensino, pesquisa e extensão. Entre 2001 e 2003, atuei como diretor-geral do câmpus.

Sobre sua formação acadêmica, o que o levou a escolher as áreas de Matemática e Física?

Como técnico em Administração Hospitalar, tinha mais proximidade com as áreas das Exatas e da Saúde. Licenciei-me em Matemática, com habilitação em Física, Matemática e Estatística. No final do curso, nós tivemos uma maior intensificação de atividades nos laboratórios de Física. Ter conceitos de Matemática aplicados por meio da Física justifica o meu direcionamento para área.

Como foi sua trajetória na especialização, no mestrado e no doutorado? De acordo com o seu currículo Lattes, a sua formação está mais voltada para a gestão...

Fiz a primeira especialização na área de metodologia da educação profissional e tecnológica, onde aprendi a contribuição da Física na formação de técnicos. Em 97 e 98, participei de um projeto de cooperação técnica entre Brasil e Alemanha para a formação de auditores da qualidade.

O mestrado em tecnologia, concluído em 2001 na própria UTFPR, foi justamente para identificar a importância que tem um docente enquanto auditor da qualidade. Tive a oportunidade de atuar na elaboração de normas da qualidade para instituições educacionais.

Em 2004, fui convidado para trabalhar como secretário municipal de qualificação profissional da prefeitura de Ponta Grossa e fiquei a frente desta pasta por três anos [2005-2007]. Conheci como funciona o poder executivo, os encaminhamentos de um planejamento e orçamento ao poder legislativo. Como era nova, a secretaria tinha recursos orçamentários bem restritos. Adquiri experiência na captação de fomento externos por meio de projetos.

O senhor concluiu seu doutorado recentemente, na Universidade Federal de Pernambuco, na área de Engenharia de Produção. O que o levou a esta área?
Em 2008, deixei a secretaria municipal para me dedicar ao doutorado interinstitucional da UTFPR com a UFPE. A área de Engenharia da Produção se deve ao fato de que, em 2003, enquanto eu era diretor-geral, tivemos a aprovação do programa de mestrado em Engenharia de Produção. A formação de doutores nessa área vinha com o objetivo de fortalecer esse programa de mestrado visando um programa de doutorado.


Como surgiu a oportunidade de participar da implantação do IFMS?

Após concluir todos os créditos do doutorado em 2008, retornei como professor da UTFPR em 2009. No início deste ano, teve uma consulta a alguns servidores para saber se tinham interesse em contribuir na implantação do IFMS. Como eu tinha o compromisso de fazer a prova de qualificação do doutorado em junho do mesmo ano, declinei a proposição. Em dezembro, o convite surgiu novamente e decidi fazer uma visita rápida para conhecer melhor a proposta e o Estado. Então tomei a decisão, junto com a minha família, de vir para cá.

Como foi o início deste processo para o senhor?

Iniciamos com a qualificação de servidores de Nova Andradina e com a implantação de cursos da Educação a Distância (EAD) no segundo semestre. Tivemos a oportunidade de transitar em todos os municípios onde dependíamos de parceria para uma sala EAD. Na época, não tínhamos nem motorista, então a gente atuava como motorista, como instalador de antena, puxando cadeira, fazendo ligações da televisão e todos os elementos.

O senhor instalou as antenas em quantos deles?

No processo de instalação, de subir no telhado especificamente, foi em Coxim e em Corumbá. Em Aquidauana eu não subi no telhado, mas levantei a antena (risos).

A antena de Corumbá na sede provisória está lá até hoje...
E não foi só instalar! O grande problema eram as intempéries, que às vezes derrubavam o sinal. Aí nós descobrimos que a antena estava cheia d'água, pois ela tinha uma forma de bacia. Encontramos uma solução técnica e com um pouco de inovação (risos): fazer um furo em um local que não fosse comprometer a funcionalidade da antena para que água não acumulasse.

E como o senhor se tornou diretor-geral deste câmpus?

Pelo fato de ser o câmpus mais distante, com maior dificuldade no atendimento das rotinas de implantação, o então reitor me fez o desafio de assumir o Câmpus Corumbá. Dá pra chamar de desafio, até por ter uma família no Paraná eu iria sair de uma distância da família de 700 km para 1.350 km. Mas, aceitei e tive a grata satisfação de permanecer por dois anos, com boas lembranças daquele câmpus.

Foi quando surgiu o convite para assumir a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (Propi). Houve hesitação em deixar um câmpus que estava começando a dar os frutos?

Na vida nada acontece por acaso. Eu era um recém-doutor e nessa oportunidade a Pró-Reitoria surgiu como um novo desafio. Percebendo o trabalho da Propi para com todos os demais câmpus, nós entendemos que seria importante para o IFMS aceitarmos esta proposição.

No Câmpus Corumbá, tivemos a oportunidade de recepcionar novos servidores e formar diretores nas áreas de administração, ensino, pesquisa e extensão. Tivemos a revelação de talentos que poderiam dar sequência ao trabalho que tínhamos iniciado em Corumbá.

Com sua experiência na área de Pesquisa, como o senhor percebe a articulação entre ensino, pesquisa, extensão no IFMS?

A pesquisa é parte do ensino. Ao estudar, o cidadão está fazendo pesquisa. Muitas vezes uma pesquisa não formal, não está obedecendo a um determinado método científico, mas é feita inconscientemente desde as séries iniciais, quando o professor diz assim: 'olha, para amanhã tem essa tarefa e vocês façam lá uma pesquisa sobre determinado tema'.

Esta pesquisa informal é fomentada no IFMS com uma metodologia, por meio de um programa de iniciação científica para que cada vez se fortaleça o ente chamado pesquisa no ensino médio. Estamos em um momento ímpar dentro do IFMS, da Rede Federal, de promover uma grande revolução na tecnologia e inovação futura deste país. Porque este estudante que faz iniciação científica no ensino médio, quando for pra graduação, vai lapidar esse processo de pesquisa enquanto metodologia, enquanto áreas de interesse, e muito mais se chegar à pós-graduação. Temos um grande potencial de inovadores.

A pesquisa também envolve a área de extensão. Ações de ensino e pesquisa serão espelhadas em projetos de extensão que apresentamos ao cidadão da sociedade civil e produtiva. Precisamos que nosso país aumente os índices de inovação e de resultado de nossas indústrias e empresas, com o desenvolvimento de novos processos e produtos.

O senhor agora é candidato a reitor do IFMS. Acompanhando a atual reitora, é possível perceber o grau de comprometimento e sacrifício da vida pessoal que o cargo exige. O que leva alguém a querer passar por tudo isso?

Melhorar a educação do nosso país. Obviamente, dá pra se entender que nós, e particularmente a minha pessoa quando falo nós, somos integrados a uma grande equipe que está presente neste Instituto. Acredito que por meio da educação profissional, científica e tecnológica, a gente possa melhorar a educação nesse país, contribuir no ato de formação junto a uma rede federal, uma rede estadual, uma rede municipal. Desde o momento que entrei no magistério, entendo que a educação é o caminho pra viabilizar inúmeras soluções. Não é pra resolver inúmeros problemas, é para buscar novas soluções e termos menos problemas no futuro.

O próximo reitor do Instituto não vai mais trabalhar nessa fase de implantação da instituição, vai trabalhar na fase consolidação. Os desafios são diferentes?

A fase de implantação é teórica. Nós temos uma fase que se chama de implantação, e dos 10 câmpus que estão aí, apenas um está com cinco anos de implantação, que é teoricamente o tempo pra se implantar um câmpus. Nós temos ainda outros seis campus e mais três novos, em processo de implantação.

A partir do ano que vem, passa-se a um processo que se denomina fora da implantação. Mas você observa que esse processo temporal ao qual foi atribuído requer uma reflexão. Primeiramente, o quadro de servidores do IFMS não está completo. Acredito que serão dois ou três anos pra ter a formação desse quadro. O segundo elemento é o processo de implantação da infraestrutura. A estrutura não é só prédio, mas também laboratórios, processos implantados de administração, processos de manutenção, conservação, tem todo um arcabouço. Mesmo não tendo os cinco anos, já somos cobrados com indicadores e índices.

E o recurso financeiro muda. Para ser implantado, há um recurso independentemente de estudantes matriculados. Depois, as verbas estarão vinculadas ao número de alunos que nós tivermos.

Correto parcialmente, porque ainda teremos câmpus em implantação. À medida que esse prazo temporal de cinco anos termina, entram indicadores diferenciados como o número de estudantes para o seu orçamento.
Os desafios estão em reconhecer as variáveis presentes nos elementos de ensino, pesquisa, extensão e administração dessa infraestrutura com os recursos ali postos. Indiferentemente se eles estão sendo postos com as variáveis de consolidação ou implantação, nós temos que trabalhar com elas.

Nos próximos quatro anos, o novo reitor irá trabalhar com as variáveis de consolidação. Qual será o maior desafio para estes próximos anos?

Em se mantendo a economia e os compromissos do Governo Federal para esta autarquia, o maior desafio será a qualificação da equipe para que ela obtenha os melhores resultados possíveis e atinja as metas.

O que o senhor quer dizer com qualificação da equipe?

Digo a qualificação para o exercício enquanto servidor público federal em todas as instâncias. O docente que vem para o Instituto Federal passa a ser um docente da educação profissional, cientifica e tecnológica. Bacharel e licenciado, ele tem que se preparar para formar técnicos e tecnólogos.

Nós precisamos de técnicos-administrativos qualificados para conhecer não só as suas atribuições, mas conceber a importância de se trabalhar de forma sistêmica. Por exemplo, o material de consumo pode ser adquirido por um único câmpus para que atenda ao Instituto como um todo. A estrutura organizacional precisa ser estabelecida por competências. A gente tem que discutir os procedimentos pra pegar o capital intelectual do IFMS e gerar conhecimento para atendimento à sociedade.

Professor, há questões de interesse de todos os servidores com as quais o próximo reitor terá que lidar. Como o senhor irá trabalhar, caso eleito, com a demanda de 30 horas para técnicos-administrativos, com o uso do ponto eletrônico por professores e com a conclusão das obras que estão atrasadas?

Posso dizer que, primeiramente, não vou tomar uma decisão pessoal. Temos como rotina a formação de comissões e grupos de trabalho e de estudos que possam apresentar resultados para que, como servidores, nós possamos atender bem a sociedade, sem nos deixar levar por uma interpretação individualista.

Entendo que as 30 horas estão sendo estudadas. O último fórum de Gestão de Pessoas encaminha o entendimento para que, se houver as 30 horas, que sejam para todos os servidores técnicos-administrativos. Hoje, a legislação amarra essa particularidade a setores que têm atendimento ao público e, por isso, a necessidade do estudo, pois há interpretações do que é público. Há aspectos que não estão só no IFMS, estão na Rede Federal e, muitas vezes, ultrapassando a própria Rede.

O aspecto do ponto envolve os órgãos de controle. Mas, antes de pensarmos nos órgãos de controle, acredito que cada um, quando assinou o seu termo de posse, assumiu o compromisso de cumprir com suas obrigações. O ponto é um elemento de controle, a frequência é nossa atribuição. Seja docente ou técnico, é preciso ter um demonstrativo de sua carga horária.

E quanto às obras?

A questão das obras é um desafio de continuidade de um processo fundamental: salas de aula. Nesse desafio, temos que tomar conhecimento do que se encontra na ordem do dia de cada uma dessas obras e dos processos que podem ser reestruturados. Nós já estamos fortalecendo a equipe de engenharia e, se preciso, iremos procurar além do Instituto.

De sete obras, cinco estão concluídas. Se for colocar estatisticamente em percentual, nós temos uma eficácia de resultados de moderada para muito boa. Mas se eu for verificar no conceito aplicado propriamente dito, a eficácia teria que ser, obrigatoriamente, 100%.

O senhor sempre fez parte da gestão, seja como diretor-geral, seja como pró-reitor. Como candidato único, o senhor se apresenta como candidato da continuação ou como candidato da mudança?

Apresento-me, primeiramente, como um candidato independente, oriundo de duas gestões que apresentam bons resultados. Observei que também é preciso mudanças. Mudanças pautadas principalmente em elementos construtivos que o processo exige no momento. Há a importância de se fazer um planejamento estratégico que deve ter flexibilidade de mudança e experimentação dentro dos ajustes que se façam necessário, seja dentro da equipe de gestão ou dos serviços a serem contratados.

A presença cada vez maior dos órgãos de controles em aspectos de ensino, pesquisa e extensão faz com que tenhamos que ter cada vez mais planejamento. Medir, analisar e melhorar. É muito fácil obter o conceito de medir, quer seja os quilowatts de energia que gastamos em cada câmpus, ou dizer que entraram 40 estudantes e que houve uma evasão de x com o resultado y. Agora, precisamos analisar essas medidas e, em cima dessas análises, propor melhorias.

O senhor projeta a imagem de uma pessoa perfeccionista e muito ligada ao planejamento das ações. Ao mesmo tempo, há a imagem da pessoa sisuda, do ex-militar que é. O que devemos esperar da sua gestão e de sua equipe?

Em primeiro lugar, muito trabalho e muita seriedade para que possamos nos organizar cada vez mais, tendo o cuidado de não burocratizar o sistema. Naturalmente já somos carimbados como burocráticos ou com processos burocratizados. Nós temos que trabalhar de forma compartilhada para minimizar o retrabalho. Eu não me vejo como perfeccionista, mas me vejo com correção. Nós temos o direito de errar e é aí a oportunidade para aprendermos. O que não podemos é não gerar procedimentos, não gerar sistemas organizados que facilitem a nossa rotina de trabalho.

Quando você falou da herança militar, eu não tenho dentro da minha família nenhum militar, mas tenho um compromisso com a verdade. Verdade é verdade e mentira é mentira e eu vi isso dentro do Exército. Vi a disciplina presente de uma maneira que, por menores que sejam os atos, promove grandes resultados. Nós temos de passar para o papel rotinas de trabalho que estão na nossa cabeça, para que a qualquer momento você possa dizer isso se faz assim, isso se faz assado.

Quem é o Luiz Simão Staszczak quando não está com o crachá e a camisa do IFMS? Há algum hobby, alguma habilidade que não conhecemos, alguma preferência além daquela de fazer o bolo que conhecemos de nossas confraternizações?

Na verdade o que eu gosto é de comer o bolo. Isso é uma historia da época em que eu morava no interior. Aos sete anos, meus pais me mandaram para estudar na cidade, com parentes. Ao final da aula das séries iniciais, minha tia nos esperava em casa com um bolo Maria, daquele jeito, naquela forma, e que traz aquela lembrança.

Eu gosto muito também do convívio com a minha família, gosto de pescaria, gosto de uma caminhada. Participei muito tempo de orientação militar, em que você percorre percursos orientados por uma carta. E tenho uma proximidade com área rural, uma herança, já que eu vim da área rural.

A última pergunta, professor, é para esclarecer uma dúvida que a maioria dos servidores deve ter: como se pronuncia o seu sobrenome?

(Risos) Staszczak. Is-'tas-tchak. Sem forçar o tchak.

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