Entrevista
Carlos Vinícius da Silva Figueiredo
Carlos Vinícius da Silva Figueiredo aprendeu a ouvir bem e a ter postura vocal, qualidades necessárias para um professor, quando integrou uma orquestra por seis anos. Atribui ao seu pai o respeito de cumprir horários e a motivação para estudar. Aluno de escola pública, aprendeu inglês, que se tornaria sua área de formação universitária, graças a uma bolsa de estudos que ganhou por ser um dos melhores da classe.
Docente do Câmpus Coxim desde 2010, foi nomeado diretor de Ensino da unidade em 11/11/11, data que jamais esquece. Desde outubro de 2014, atua como diretor-geral pro tempore do Câmpus Dourados, onde trabalha no processo de implantação da unidade.
As coisas na vida deste cidadão de Jales, interior de São Paulo, foram simplesmente acontecendo, como ele mesmo afirma no bate-papo abaixo. A vida lhe deu oportunidades, e ele não as deixou escapar.
Hoje com 30 anos, Carlos Vinícius conta a seguir um pouco sobre sua infância e sua paixão pela docência. Também compartilha sua experiência no estágio realizado no Canadá e seus sonhos para o futuro, o que inclui filhos e a conclusão do doutorado.
Acompanhe abaixo a trajetória deste professor de Letras que acredita no poder transformador da literatura.
Vamos começar pelo o início de sua trajetória. Onde nasceu, como foi sua infância?
Eu sou nascido e criado na cidade de Jales, noroeste de São Paulo, em uma família muito unida e estruturada. Nunca faltou nada pra gente, mas nunca tivemos luxo. Minha mãe faleceu quando era muito jovem, então meu pai casou de novo, tive duas mães. Meu pai, que era funileiro, é o maior exemplo de profissional que eu tive na vida, de respeito com relação ao horário. Nunca deixou a gente faltar na escola. Podia estar chovendo, caindo pedra... ele falava “Pode levantar e vamos todo mundo pra escola!”. Hoje ele tem um filho doutorando e outro filho com duas faculdades.
Desde sempre estudei em escola pública. Tive a oportunidade de fazer curso de língua inglesa como bolsista. Eu lembro que a unidade da escola de línguas lá do meu município oferecia bolsas integrais aos melhores estudantes das turmas, por isso fui contemplado com essa bolsa.
Como veio parar em Mato Grosso do Sul?
Como estudei língua inglesa, pesquisei onde, próximo à região de Jales, tinha o curso de Letras. Em universidade pública, só 150 km tanto pra dentro do estado de São Paulo quanto pra dentro do MS. Eu escolhi o Mato Grosso do Sul por ser uma instituição pública. Eu me formei no magistério em 2003. Em 2004, ingressei no curso de Letras Português/Inglês no câmpus de Três Lagoas da UFMS.
E depois de formado?
Em 2009, finalizei o mestrado também na UFMS em Três Lagoas, e já estava trabalhando, dando aulas. Fui professor contratado da universidade, foi muito bacana ter sido estudante e depois ser professor contratado da graduação em que estudei. Em 2010, comecei o doutorado como aluno especial lá na Unesp de Rio Preto e passei no concurso do IFMS no final do ano.
Como você ficou sabendo do concurso para docente do IFMS?
O IFMS entrou na minha vida por um outro professor da UFMS. Ele falou “Vinícius, olha só, tá saindo muito concurso no Instituto Federal”. Eu falei “O que é isso? Eu não conheço!”. Prestei pra tentar conhecer. Conhecia pouco com relação à filosofia da instituição, tive que ler pra me preparar para a prova. Eu prestei e fui nomeado no final de 2010. Entrei em exercício no dia 4 de fevereiro de 2011.
Por que escolheu tentar a vaga no Câmpus Coxim?
Precisava de novos ares e resolvi prestar em Coxim pra conseguir chegar num lugar diferente e galgar uma carreira dentro do Instituto. Fui aprendendo e me encontrei dentro da instituição. Por gostar muito do ensino médio e ter essa visão voltada para o mundo do trabalho, me encaixei muito bem na instituição. Acho que tem dado certo até hoje.
Quando e como você foi convidado a ser o diretor de ensino do câmpus?
Foi até numa data legal, foi no dia 11/11/11 que saiu a minha portaria de direção. Fui convidado pelo professor Ubirajara [Garcia, diretor-geral do Câmpus Coxim], uma pessoa a quem sou muito grato por ter me dado a oportunidade de conduzir com ele o processo de implantação do câmpus. A equipe me acolheu muito bem, tenho o câmpus no coração. É como um filho, a gente ajudou a crescer e tudo mais. Aprendi muito lá.
Como foi estar num cargo de gestão?
Eu tinha uma certa experiência porque fui coordenador de uma escola de idiomas em Três Lagoas. Como o Instituto é muito novo, tanto pra mim quanto pra todos os outros, tive que estudar muito. Como ser diretor sem nem conhecer a instituição? Então tive que fazer toda uma leitura sobre o que é educação profissional, ensino médio integrado, pra poder ser um líder que conhecesse onde estava pisando, pra poder guiar, e contribuir com os servidores.
O que ainda nos falta é o entendimento da nossa identidade enquanto instituição. Saber qual a nossa função dentro da comunidade. Precisamos estudar melhor pra se conhecer melhor. A gente tem que entender bem qual é a nossa filosofia. Nós estamos aqui pra atender o trabalhador, esse é o foco da instituição, conseguir vincular tudo isso que a gente faz aqui dentro pra que esse aluno consiga atuar na sociedade. Ele pode ser um bom mecânico, pode ser um bom técnico de informática, também pode ser um bom pai depois, um bom trabalhador. Se ele não for pra universidade, ok. Se ele for, que bom, mas o nosso papel é conseguir preparar essa pessoa e fazer a ponte, linkar tudo o que a gente ensinou aqui pra ele produzir na sociedade, na comunidade.
Antes de ser professor, desempenhou outras atividades?
Ser professor sempre foi a minha escolha número um, embora tenha executado outras funções. Até sorveteiro eu fui! Mas sempre quis ser professor, vendo o meu irmão mais novo, ensinando ele a ler, eu acompanhei esse processo todo com ele.
Também fui músico da orquestra de Jales. Eu comecei com 12 anos e saí com 18, quando passei na universidade. Sou muito grato a toda parte de condicionamento, de respeito, de saber ouvir, a questão do silêncio, de respeitar as pessoas, tudo por conta de ter sido músico. Para você tocar com 40 pessoas ao mesmo tempo deve haver uma sintonia. Eu tocava o trombone de vara, acredita? Ter feito parte dessa orquestra me ajudou bastante enquanto professor também, questão de voz, postura vocal.
Desde quantos anos quis ser professor?
Como eu fiz o magistério, quando eu entrei no ensino médio, entrei pra me formar pra ser professor. É a mesma coisa dos cursos técnicos integrados do IFMS, o estudante entra e já sabe o que vai fazer aquilo. Com 18 anos eu já estava dentro da sala de aula trabalhando com a educação infantil. Foi um aprendizado e tanto! Eu acredito que o professor tem que passar por todas as fases da educação. Assim você aprende a dar aula.
Eu gosto muito do ensino médio. É o que tenho melhor perfil pra trabalhar. Procuro trazer coisas bem atualizadas pra aula, dialogar, motivá-los. Acho que nosso papel enquanto docente é o de conseguir fazer a diferença na vida desses estudantes que precisam de um norte. E não adianta só falar, tem que dar o exemplo. Então acho que sendo um bom exemplo para os estudantes do ensino médio consigo contribuir muito para o perfil desses futuros trabalhadores. Me sinto mais útil com esse perfil de estudante.
O que você estudou em seu mestrado e agora no doutorado? Pelo quê se interessa?
Eu sempre atuei como professor de língua inglesa, mas as minhas pesquisas foram todas para o lado da literatura. Meu mestrado foi sobre Clarice Lispector. Inclusive minha dissertação foi publicada como um livro. Na tese de doutorado, estudo uma escritora chamada Gloria Anzaldúa, um livro dela chamado Borderlands – La Frontera. É uma escritora nascida nos Estados Unidos, na fronteira com o México. Eu estudo a relação de identidade dentro da fronteira. A fundamentação teórica dos dois tem relação entre si, eu trabalho com os estudos da subalternidade.
O que seria isso?
A ideia é que as relações dentro da sociedade são sempre tomadas pelas relações de poder, onde o poder hegemônico norte-americano, europeu, sempre nos guiou na América Latina. Sempre guiaram tudo aquilo que a gente pensa, inclusive a forma como pensamos sobre nós mesmos. A gente não tem um discurso de dentro pra fora, a gente tem um discurso de fora pra dentro. As pessoas dizendo quem nós somos. Os estudos da subalternidade tentam ajudar nessa reflexão. O que nós estamos pensando sobre nós mesmos. Ou se o que está sendo pensado sobre nós que é real. É muito fácil um escritor lá dos Estados Unidos dizer o que a gente vive aqui, mas ele não vive aqui! Eu questiono isso, tento mostrar que a obra da Gloria é a representação desse movimento do subalterno tendo voz e que é a materialização dessa reconstrução desse povo sofrido dentro da fronteira, que agora conseguiu se expressar. Alguém de dentro da fronteira falando sobre eles mesmos, não alguém que passou por lá, ficou uma semana e resolveu escrever um livro. Essa autora é um exemplo de ser subalterno. Uma mulher mexicana dentro dos Estados Unidos. Ela não vale nada, no contexto social de discriminação. A ideia é tentar mostrar esse subalterno que consegue se descolonizar, ou seja, pensar a partir do seu próprio movimento.
A literatura, a leitura em si, tem tudo a ver com a educação. O que acha da importância disso?
Eu penso muito no poder transformador da literatura. Primeiro porque ela leva o leitor a mundos e lugares que talvez a gente nunca possa ir pessoalmente, e motiva a imaginação. Acredito que o nosso papel enquanto professor de literatura também é tentar trazer essa meninada despertar pra literatura.
Tenho acompanhado esses movimentos de livros contemporâneos com vendas absurdas. A meninada tá lendo, só que eles não estão lendo os clássicos, que a gente gostaria que estivessem lendo. Preferem ler Harry Potter ou esse novo livro, A Culpa é das Estrelas. A indústria de livros do Brasil está crescendo muito, tanto que os americanos estão vindo muito pra cá. Se a gente pensar, a leitura está acontecendo, mas não da nossa literatura.
Acredito muito que a pessoa que leia bastante, em contrapartida, vai conseguir adquirir vocabulário, vai melhorar a sua escrita, mas eu digo sempre aos alunos: “Quer aprender escrever? Então escreva! Não vai ler Machado de Assis e achar que vai escrever igual a ele sem praticar!”. É mais nesse sentido de conseguir ler pra ter ideias, pra poder ver como é um texto escrito, uma narrativa, e fazer a sua própria.
Como foi a experiência de participar do Programa de Estágio Brasil-Canadá em Educação Profissional e Pesquisa Aplicada?
Foi uma oportunidade única. Fiquei de fevereiro a maio de 2014 lá. Sou grato a Propi [Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação] que me deu essa oportunidade de poder conhecer uma realidade bem diferente da nossa, mas que tem o mesmo objetivo: educação profissional de qualidade. Cada Instituto Federal do país enviou um representante e eu tive a satisfação de representar o IFMS. Convivi num dos maiores colleges em Toronto, a maior cidade do Canadá. A estrutura era fantástica, professores altamente capacitados.
Pude ver na prática o resultado da educação profissional sendo feita de verdade, ou seja, eles conseguem preparar a pessoa pra que ela atue na comunidade e faça a diferença. Eles já se integraram à comunidade de tal forma que as empresas procuram o college quando precisam de gente pra trabalhar.
Nós devemos trazer essa cultura de pesquisa aplicada para o IFMS. Não é porque eu sou um estudioso de Clarice Lispector que eu tenho que orientar sempre meus alunos nisso. Tenho que entender que a instituição em que eu trabalho é uma instituição de tecnologia, cujo foco é pesquisa aplicada. Um exemplo: durante dois anos em Coxim tentamos criar um glossário técnico digital entre inglês, português e libras. O nosso orientando desenvolveu um software em que o usuário digita a palavra em inglês e aparece a tradução, e depois traduz pra libras. Fazer pesquisa aplicada é isso, tentar trazer um retorno pra comunidade. Isso eu vi muito na prática no Canadá. Foi um momento de grande aprendizado.
Em 2014, o senhor foi convidado pela gestão para assumir a direção do Câmpus Dourados. Como foi?
Logo que eu voltei do Canadá, a professora Maria Neusa havia assumido a reitoria. Voltei a trabalhar em Coxim, fiquei uns dois, três meses, e em setembro eu recebi o convite e assumi o Câmpus Dourados como diretor-geral pro tempore.
A equipe do câmpus é fantástica, todo mundo muito empenhado, pessoas que vieram de outros câmpus com o objetivo de trabalhar e fazer a diferença. Eu tive muita sorte em receber pessoas de extrema qualidade. Isso tem dado o ritmo dos nossos trabalhos. Vamos manter esse ritmo para que todo mundo se empenhe e se sinta abraçado pela gestão.
Já foram mais de 400 vagas abertas desde outubro, quando nós iniciamos o primeiro curso. Formamos uma turma no mês passado, de operador de computador, e vamos formar mais duas em agosto. Agora no segundo semestre, o desafio é dar conta dessas disposições todas. Abrimos mais 200 vagas de cursos FIC (Formação Inicial e Continuada) e as parcerias aumentaram.
Vamos propor um novo projeto de ensino médio integrado, com o curso técnico em informática para a internet. Em 2017, nossa programação é abrir o curso superior de tecnologia em Jogos Digitais. Vamos verticalizar nesse sentido, na tecnologia como um todo. O grupo de estudos do Plano de Desenvolvimento do Câmpus está trabalhando para a definição do segundo eixo. O que está previsto no PDI [Plano de Desenvolvimento Institucional] é Mecânica e Eletrotécnica. Mas estamos estudando melhor para oferecer um segundo eixo muito prático para os arranjos produtivos locais.
O que sua formação na área de humanas acrescenta na sua atuação como gestor?
As Humanas têm essa condição de estar sempre se questionando, buscar sempre melhorar ouvindo as pessoas. O que eu procuro tratar, enquanto gestor, é que todos têm direito a voz e que essa voz tem que ser respeitada. Tentar sempre somar os esforços pra conduzir os caminhos. Eu procuro não ter vaidades com relações às decisões ou às pessoas que nos procuram, procuro tratar todo mundo da mesma forma, sem tomar partido de eixos e conduzir o que for melhor pra instituição, servir a instituição e não a questões pessoais.
O que, pra você, é ser um servidor público?
A essência do termo “servidor público” é servir a comunidade. Então sempre que eu recebo alguém lá no gabinete, pergunto “Em que posso servi-lo?”. O Brasil precisa de servidores que produzam, embora aí haja uma questão problemática. Os docentes questionam sobre o produtivismo na academia. Eu concordo em partes, no sentido de que se nós estamos sendo pagos pra estudar, ou pra produzir, nós temos que produzir a melhor aula possível, o melhor texto teórico possível, mas não um produtivismo de comparação, em que tem que produzir pra ganhar ponto.
A gestão tem o compromisso e a obrigação de colocar as pessoas certas nos locais em que elas vão produzir mais. Às vezes, pode ser até um erro da gestão de colocar pessoas em alguns lugares e caírem naquele estereótipo do servidor que não produz, que fica olhando no relógio toda hora pra ir embora. Cabe a nós gestores saber se aquela pessoa pode produzir mais e alocá-los da melhor forma pra atender a população. Nós temos a oportunidade, enquanto servidores públicos, de prestar um serviço pras outras pessoas, eu acho isso muito digno.
Principalmente na área de educação...
Exato. Eu sou suspeito pra falar. Eu acredito que a gente só vai transformar esse país quando a gente parar de fazer discurso de que a educação é importante, e começar a investir na educação. Deixar as pessoas corretas nos locais corretos pra fazer a educação funcionar, aí vamos parar de ser um país do futuro, pra ser um país do presente e fazer a diferença.
Na semana passada, visitamos a 4ª Brigada do Exército em Dourados e um dos coronéis falou que nós temos que parar de querer que a educação seja um plano de governo, de momentos. A educação é prioridade. Não tem que falar que a educação é importante, é fazer a educação e deixar que ela depois mude a sociedade, fazendo a diferença pra pessoa que tem a oportunidade de estudar. Aí a gente vai transformar essa população e esse país que a gente acha que tem jeito. Vai ter jeito sim. Nós estamos fazendo nossa parte enquanto servidores.
O que o Instituto Federal e o Mato Grosso do Sul representam na sua vida?
Uma vez me perguntaram isso numa formatura e eu falei “Eu só tenho a agradecer ao estado e me considero um sul-mato-grossense, porque eu estou aqui há dez anos e não pretendo ir embora tão cedo”. Eu acho que as oportunidades estão aqui e acredito que ainda posso contribuir muito.
O MS é a representatividade desse hibridismo que é o Brasil, essa heterogeneidade. Os sul-mato-grossenses se assimilaram com outras populações, os gaúchos, os nordestinos e essa é a cara do estado, essa diversidade. Eu conheço os extremos, eu saí do norte do estado, onde há a influência do Pantanal e também do nordestino, e agora estou no sul, influenciado pelo Paraguai. É um estado fantástico, é lindo de viver. Tem muito a crescer também. É um estado muito promissor e o Instituto entra na questão de contribuir pra isso tudo acontecer.
O que espera para o futuro, tanto na sua vida particular quanto profissional no IFMS?
A minha meta é ser um professor melhor a cada dia, cumprir a minha função com muita dedicação, não esmorecer com as dificuldades, sempre procurar ser feliz como professor e fazer a diferença na vida desses estudantes que passam pelas nossas mãos. Como diretor, implantar o Câmpus Dourados com qualidade e eficiência, fazendo esse link de tudo aquilo que vi, com a oportunidade de estudar inclusive fora do Brasil, para concretizar esse trabalho de vinculação com a sociedade da região e deixar encaminhado um câmpus bem organizado.
Esse é meu objetivo até 2018, 2019, enquanto estiver lá. Tudo com muita tranquilidade, com muita sabedoria e, acima de tudo, com muito respeito à instituição como um todo. Se for pra continuar na direção-geral ou em outro cargo, estou sempre à disposição da instituição porque fui muito bem recebido, acolhido, e procuro devolver com um bom trabalho o quanto a instituição tem me atendido, tem me dado oportunidades.
Também quero terminar minha tese de doutorado. Eu tenho que defender até 2017, é meu prazo final. Quero me dedicar à família, ter filhos, porque se não depois eu viro avô, não viro pai [risos]. Esses são meus objetivos nesses próximos cinco anos.
O senhor imaginou que um dia poderia ser gestor de uma instituição como a nossa?
As coisas foram acontecendo. Eu sempre tive pessoas que me deram oportunidades. Por exemplo, na universidade, quando eu comecei a trabalhar, eu substituí a professora de língua inglesa que hoje é prefeita de Três Lagoas. Ela falou “Vinícius, vai ser uma honra você me substituir”. Em outros lugares que trabalhei, sempre tive oportunidades. Mas nunca disse “eu quero ser gestor”, as coisas foram aparecendo, acreditava que tinha condições de exercer a função, mas é um caminho totalmente diferente que exige muito da pessoa. Estar gestor exige saber conviver com as pessoas, saber tratar, lidar, mas acho que tem dado certo, as coisas estão caminhando e eu estou disposto a conversar. Acho que isso ajuda bastante, gosto de estar junto das pessoas e isso tem ajudado.
O que o senhor vê para futuro do Instituto? O que espera, para o quê trabalha?
Eu vejo que a instituição tem crescido muito, tem ocupado seu lugar, sua fatia dentro do estado, a sua representatividade enquanto instituição de educação profissional.
Esse processo de implantação às vezes demora mesmo, não é na velocidade que nós gostaríamos, mas ele vai acontecer, o Instituto vai ocupar seu espaço e vai fazer a diferença. Vai colocar Mato Grosso do Sul como referência, isso eu tenho absoluta certeza, e vai também ser um fator crucial na mudança de vida das pessoas. Os estudantes vão ter suas vidas transformadas, isso a gente já tem visto, já está acontecendo. Nós tivemos, em Coxim, uma estudante que visitou cinco países enquanto estava no ensino médio! Oportunidades que outros locais não dão.
Eu disse na primeira formatura em Dourados que nós devolvemos para a comunidade do município 23 estudantes, eles entraram, nós os capacitamos, e é nossa função devolver pessoas capacitadas. Elas vão levar a semente do IFMS e assim a gente vai tomando o espaço, se configurando como uma instituição de referência.
Pessoas muito sérias têm trabalhado pra que as coisas aconteçam e eu acredito muito que vamos fazer a diferença dentro do estado a partir dessa educação de qualidade, pública e gratuita que nós ofertamos. Esses resultados virão lá na frente. Às vezes, o resultado da educação não é tão rápido, às vezes demora uma geração pra transformar, então esses nossos estudantes serão pais que vão orientar melhor seus filhos, de forma que privilegiem a educação, e assim nós vamos melhorando.