Saúde
Doação de medula óssea: um pequeno gesto que pode salvar vidas
Diagnosticado com aplasia medular, professor Carlão encontrou um doador de medula óssea compatível
Ganhar uma segunda chance para viver. A frase remete a uma fase marcante na vida de Carlos Alberto Rezende, o professor Carlão, como é conhecido nos cursinhos pré-vestibulares de Campo Grande. Na tarde dessa quarta-feira, 13, ele esteve na reitoria do IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) para contar aos servidores algumas "Histórias de um Transplantado de Medula Óssea".
Carlão falou sobre o diagnóstico de aplasia medular e de como a doença transformou sua vida. “Vejo com clareza que a doença me fez bem. Voltei para a faculdade, a praticar esportes, me tornei uma pessoa ainda mais tolerante, aprendi a viver e amar intensamente”, testemunhou o professor.
A notícia de que necessitaria de um transplante de medula óssea foi um estímulo. “Ainda não sabia sequer se teria um doador e comecei o projeto Sangue Bom, que hoje é um instituto, minha verdadeira missão”, explicou.
Transplantado com sucesso, Carlão mantém o Instituto Sangue Bom, que busca promover a conscientização para qualificar novos doadores de medula óssea. “A ideia é formar novas lideranças, trazer mais transplantados para o instituto que possam dar seus testemunhos de vida e alcançar o sonho de tornar Mato Grosso do Sul uma referência para a doação”, planejou.
“Vejo com clareza que a doença me fez bem. Voltei para a faculdade, a praticar esportes, me tornei uma pessoa ainda mais tolerante, aprendi a viver e amar intensamente”, testemunhou o professor Carlão.
Conscientizar é importante para acabar com mitos que dificultam o cadastramento de novos doadores e, consequentemente, aumentam o tamanho das filas de espera de receptores.
“A difusão da informação é importante para que mais pessoas saibam que, para o cadastramento no banco de medula óssea, basta uma pequena quantidade de sangue e nenhum procedimento complexo”, comentou Douglas Mazzotti, coordenador de serviços gerais e transportes da reitoria.
Para o servidor, a palestra foi elucidativa. “Uma servidora fez uma pergunta sobre o recadastramento para quem já havia feito há muito tempo e era meu caso, então na mesma hora, pelo smartphone, eu me recadastrei e voltei a ser um doador”, afirmou.
Apesar dos desafios à frente do Instituto, o professor Carlão tem encontrado tempo para outros projetos. Um dos que trata com maior entusiasmo é o convite para fazer parte de uma equipe de atletas transplantados e participar de competições com etapas nacional, sul-americana e até mundial.
Carlão finalizou a palestra com uma lição de vida. “Busco viver intensamente e ajudar ao próximo, fazer o bem sem olhar a quem, pois aprendi o seguinte: sempre fica um pouco de perfume nas mãos de quem oferece flores”.
Entenda a doação de medula óssea e saiba como doar – A medula óssea é um tecido líquido que ocupa o interior dos ossos, conhecido como tutano, e tem a função de produzir os componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas.
Essas células são responsáveis por transportar o oxigênio, no caso das hemácias; defender o organismo, no caso dos leucócitos; e compor o sistema de coagulação do sangue, função das plaquetas. O transplante de medula óssea é a única esperança de cura para milhares de portadores de leucemia e outras doenças do sangue.
O Redome (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) possui, atualmente, 4 milhões de pessoas cadastradas. É o terceiro maior cadastro do mundo.
Para ser doador, é preciso ter entre 18 a 55 anos e estar com boa saúde. São retirados 5 ml de sangue, que seguem para um cadastro nacional. A chance de compatibilidade com algum paciente que esteja no cadastro de receptores é de uma a cada 100 mil doações.
Em Campo Grande, as pessoas que queiram se cadastrar no Redome devem procurar o Hemosul (Av. Fernando Corrêa da Costa, 1.304 - Centro) ou o Banco de Sangue da Santa Casa (R. Eduardo Santos Pereira, 88 - Centro).
Setembro, mês de conscientização – A palestra foi promovida pela Codev (Coordenação de Desenvolvimento e Qualidade de Vida), em alusão ao Setembro Verde, movimento criado em São Paulo por meio da Lei nº 15.463/2014, que instituiu o Mês da Doação de Órgãos, e que se espalhou por todo o país.
A psicóloga da reitoria, Sofia Urt, lembra que este mês também é voltado à prevenção e combate ao suicídio, por meio da campanha Setembro Amarelo, e que o IFMS tem trabalhado temas com os servidores que promovem a qualidade de vida.
“O objetivo é auxiliar os servidores na promoção do equilíbrio e bem-estar, para que se desenvolvam pessoal e profissionalmente e que se tornem pessoais melhores para si e para a sociedade. Isso reflete positivamente no desempenho do seu trabalho”, destacou Sofia.