Nesta última semana de abril, servidores da reitoria e dos campi do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) estão sendo convidados a refletir sobre um assunto que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo.

Estamos falando da depressão, transtorno mental que atinge pessoas de qualquer idade em qualquer etapa da vida.

As causas da depressão são multifatoriais, segundo o médico psiquiatra do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), Luiz Jose de Sant Anna Neto.

“São causas genéticas, ligadas a características da personalidade e até ao uso de drogas. Algumas doenças clínicas também podem desencadear a depressão, como o hipotireoidismo, por exemplo. No caso dos servidores, vale destacar o estresse psíquico provocado por problemas de ordens laborais, pessoais e até financeiros”, comentou.

O tema é tão recorrente que a Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou, neste mês, a campanha “Depressão, vamos conversar”, em alusão ao Dia Mundial da Saúde, celebrado em 7 de abril. A iniciativa reforça que há formas de prevenir e tratar a depressão, e que conversar abertamente sobre o assunto é o primeiro passo para “sair dessa”.

Aos servidores do IFMS, fica a dica. Colegas de trabalho podem identificar alterações de comportamento que indiquem o possível diagnóstico de depressão.

“A pessoa sempre chegava na hora para trabalhar, conversava com todos e era cordial. De repente, passa a faltar no trabalho, a mudar o comportamento, tornando-se áspero ou introspectivo. Em vez de tentar julgá-lo, encoraje-o a procurar ajuda num serviço de saúde na instituição, ou em outro lugar. Se conhecer os familiares, entre em contato com eles. Pode ser algo passageiro, ou mais grave”, orientou o psiquiatra.

Estatísticas no IFMS – Entre janeiro de 2016 e janeiro deste ano, 29% dos afastamentos de servidores do IFMS foram motivados por transtornos mentais, dentre os quais o transtorno misto ansioso e depressivo, transtorno depressivo recorrente, ansiedade generalizada e episódio depressivo moderado.

O levantamento foi feito pela Coordenação de Desenvolvimento e Qualidade de Vida (Codev), por meio da amostragem das perícias realizadas no Núcleo de Saúde do Ministério da Saúde, na Capital, com servidores da reitoria e dos campi Aquidauana, Campo Grande, Corumbá, Coxim, além de alguns servidores de Naviraí, Nova Andradina e Ponta Porã.

No Brasil, segundo a OMS, a prevalência de transtornos mentais na população é de 5,8%, ou seja, 11,5 milhões de pessoas. Índice que, segundo a coordenadora de Desenvolvimento e Qualidade de Vida, Sofia Urt, reflete-se no IFMS.

“É importante pensarmos em práticas e modos de organização do trabalho que podem gerar sofrimento psíquico e desencadear transtornos mentais nos servidores, bem como a necessidade de os mesmos terem consciência sobre sua psicoeducação, seu autocuidado em saúde mental, para tentarmos, dentro da instituição, não reproduzir aquilo que há de ruim na sociedade”, destacou.

Bora falar sobre depressão? – Nesta quarta-feira, 26, os servidores do Campus Dourados terão a oportunidade de conversar sobre o assunto com a psicóloga Janaína Almeida, a partir das 16h30. A ação é coordenada pelo Núcleo de Gestão Administrativa e Educacional (Nuged).

Na próxima sexta-feira, 28, os servidores da reitoria estão convidados a refletir sobre o tema de forma leve e descontraída. O Cine Reitoria Especial irá exibir, a partir das 14h30, no miniauditório, a animação Divertida Mente. Após a exibição, os espectadores poderão conversar sobre depressão.

O psicólogo do Campus Ponta Porã, Angelo Luiz Sorgatto, levará o tema aos professores e técnicos-administrativos na próxima reunião de gestão, com data a ser definida.

No Campus Corumbá, o Nuged fez a distribuição de material informativo aos servidores explicando o que é depressão e fazendo a distinção entre o transtorno mental e a tristeza.