Você sabia que até 18 de março dá pra fazer a inscrição para a nova seleção do mestrado profissional oferecido pelo IFMS (Instituto Federal de Mato Grosso do Sul) em Campo Grande? Das 24 vagas ofertadas, metade é reservada a servidores da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

O ingresso no curso, que integra o Programa de Pós-Graduação em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), é feito por meio do Exame Nacional de Admissão (ENA). A bibliografia inclui as bases conceituais e históricas da educação profissional e tecnológica, as metodologias de pesquisa e, ainda, as teorias e práticas de ensino e aprendizagem.

Como esta será a terceira turma do curso no IFMS, buscamos alguns servidores que já são alunos do ProfEPT para explicarem como funciona o mestrado profissional, o que esperar das aulas, como é a rotina de um servidor mestrando, além de dicas de estudo que podem te ajudar a também conquistar uma vaga.

O texto pode até parecer longo, mas vale à pena. Até porque, se você quer mesmo entrar para o mestrado, tem que começar desde já a acabar com essa preguiça de ler, certo? Então aproveite a leitura!

Paula Cameschi | Assistente em Administração em Naviraí | Aluna da primeira turma do ProfEPT

Prova de ingresso

Eu só consegui passar na seleção do ProfEPT porque já fazia a pós-graduação em docência no IFMS [Especialização em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica]. Com base nas discussões que tive durante as aulas na pós, foi muito mais fácil compreender os textos que caíram na prova do mestrado.

Uma dica legal é que como o mestrado é em oferecido rede, tem alguns vídeos no Youtube que são direcionados para esta prova, que são bacanas de ver e também me ajudaram.

"Aprender sobre prática pedagógica e gestão escolar foi muito importante , melhorou  a  compreensão do trabalho do professor e a complexidade de buscar a formação humana integral.  Aprendemos as bases e fundamentos da educação profissional e tecnológica".

Rotina de mestranda

Como moro em Naviraí e as aulas do mestrado ocorrem em Campo Grande todas às segundas-feiras, eu pegava o ônibus no domingo, por volta das 23h30, e chegava às 5h da manhã na capital. Embarcava à noite, chegava de madrugada em Naviraí e tinha que ir trabalhar no mesmo dia. Era muito cansativo, não foi fácil. E eu não tirei o afastamento parcial para pós-graduação que outros colegas tiraram. Além disso, as viagens também tem um alto custo, gastava quase R$ 1 mil por mês.

Mesmo assim, o mestrado me enriqueceu muito, inclusive no trabalho. Aprender sobre prática pedagógica e gestão escolar como um todo foi muito importante para mim, melhorou muito a relação com meus pares, a compreensão do trabalho do professor, a complexidade de tentar buscar a formação humana integral. Quando entrei no curso, não tinha uma visão tão clara disso. Com o mestrado, a gente desenvolve a questão das bases e fundamentos da educação profissional e tecnológica, esse viés social, da forma como o Instituto Federal trabalha.

Entendendo o mestrado

O ProfEPT é um mestrado profissional, então a gente precisa desenvolver um produto educacional vinculado ao ensino. No primeiro semestre, a gente é orientado a como desenvolver o projeto de pesquisa, e a partir dele, já busca uma ideia de produto educacional. Um primeiro protótipo deve ser desenvolvido no segundo semestre e, ao final dele, já pode ser marcada a banca de qualificação. É bem diferente de um mestrado acadêmico, no qual geralmente você qualifica mais ao final do curso, sem a obrigatoriedade desse produto educacional.

A qualificação ajuda no direcionamento da pesquisa e nos indica a necessidade de eventuais alterações do protótipo. A partir daí, você tem a implementação, a validação e os testes do produto. Após a análise, o resultado é um texto dissertativo com a fundamentação teórica,  além da explicação de como você desenvolveu o protótipo, como foi a implementação, a testagem e os resultados obtidos. Finalizado o texto da dissertação e feitas as alterações do produto final, a gente passa pela banca de defesa. Ninguém da primeira turma ainda defendeu.

Minha pesquisa

A partir das aulas, a gente passa a entender um pouco mais sobre a educação profissional e tecnológica e a formação humana integral. A gente passa a compreender quais são os principais problemas enfrentados para efetivar isso. Uma das questões que me motivou foi a fragmentação dos conteúdos, do conhecimento. Por mais que os Institutos Federais tenham uma estrutura curricular avançada, o currículo integrado ainda enfrenta dificuldade. Cada disciplina é uma caixinha, cada caixinha tem seu conteúdo, e a integração entre os conteúdos e as disciplinas ainda é um desafio muito grande para a educação profissional e tecnológica.

Desenvolvi a pesquisa com professores da educação básica de Nova Andradina que participavam de um curso de extensão ofertado pelo campus do IFMS. No curso, coordenado pela professora Azenaide Vieira, eles tiveram a oportunidade de aperfeiçoar as práticas pedagógicas e aprenderam a usar metodologias ativas para inovar em sala de aula. Por ser ofertado pelo IFMS, eu propus que esse curso tivesse as mesmas finalidades do Instituto, de uma formação integral, por isso a proposta era fazê-lo sob um currículo por competência. 

O desenvolvimento do currículo por competência tem muito do Movimento Escola Nova, mas essa proposta escolanovista vai meio em oposição ao que o Instituto Federal prega. O que eu fiz foi tentar fazer essas duas vertentes conversarem, uma marxista e uma escolanovista, mais pragmática. Essa foi a proposta de pesquisa. 

Caroline Guimarães | Técnica em Assuntos Educacionais em Coxim | Aluna da primeira turma do ProfEPT

#FikDik

Algo que me ajudou a passar no exame foi fazer o fichamento dos textos do conteúdo programático da prova, e até mesmo o resumo deles. Outra dica que eu posso deixar para os meus colegas servidores é estudar um pouquinho por dia e também aos finais de semana. Foi isso que ajudou em minha preparação.

Oportunidade para a vida

Quando o IFMS abriu vagas no ProfEPT enxerguei uma oportunidade incrível pra mim, isso porque, na maior parte dos programas de mestrado em História, minha formação, ou na área da Educação, as aulas são oferecidas em vários dias da semana. Pra mim, que moro no interior do estado, seria muito difícil conciliar trabalho e estudo dessa forma. O ProfEPT ter só um dia de aula na semana me possibilitou cursar e trabalhar ao mesmo tempo.

"Consigo enxergar nitidamente que, após a entrada no ProfEPT, minha atuação melhorou no IFMS. Por ser técnica em Assuntos Educacionais, preciso dar auxílio aos professores e é muito importante ter maior conhecimento sobre a educação profissional e tecnológica". 

Desde o começo do curso fui contemplada com o afastamento parcial, então trabalho 20h e as outras 20h são para eu me dedicar ao mestrado, e assim pude conciliar muito bem as duas coisas. 

Prática profissional

Consigo enxergar nitidamente que, após a entrada no ProfEPT, minha atuação melhorou no IFMS. Por ser técnica em Assuntos Educacionais, preciso dar auxílio aos professores e é muito importante ter maior conhecimento sobre a educação profissional e tecnológica. O mestrado está ajudando muito em minha prática educacional na instituição. 

O caráter de um mestrado profissional é que ele nos dê um suporte em nossa prática profissional, então por meio das discussões, das disciplinas e do próprio produto educacional que já estou finalizando, o curso me ajudou a entender o que é a educação profissional e tecnológica e as teorias que fundamentam o ensino ofertado pelo IFMS. Também me ajudou a adquirir ferramentas e meios para ajudar os docentes a desenvolverem maneiras diferentes de ensinar. 

Produto educacional

O produto educacional que desenvolvi versou sobre a prática em sala de aula, com a proposta de aulas integradas de História e Conservação de Alimentos. Convidei alguns professores das áreas, a gente planejou as aulas com conteúdos das duas disciplinas, elaborou um material com essas aulas integradas e a professora de História aplicou nas aulas dela. Já estou na fase final, desenvolvendo a dissertação, e a defesa deverá ocorrer até julho. 

Tomaz Leite | Professor de Edificações em Aquidauana | Aluno da segunda turma do ProfEPT

Mais dicas

Na primeira seleção, eu não passei. Fiz apenas uma leitura dos textos, e não fui tão mal na prova, mas não consegui atingir nota suficiente para entrar no programa. Na segunda tentativa, estudei um pouco mais, fiz as leituras com maior aprofundamento, e também fiz um curso online, para auxiliar no processo de compreensão dos textos. Posso dizer que é preciso ter dedicação e persistência. Passei umas boas horas estudando para o processo seletivo, inclusive aos finais de semana e à noite, e acabei passando.

"Estudar a educação e a forma como se conduz o processo educativo são experiências enriquecedoras. A cada aula do mestrado, vou conhecendo novas práticas educativas, então a gente vai aumentando nosso repertório pedagógico , digamos assim, para utilizar em sala de aula".

Sobre o curso

Como todo mestrado, é preciso ler bastante, se dedicar umas boas horas para poder conduzir o trabalho, tanto de pesquisa como das disciplinas. No primeiro semestre, tivemos três disciplinas (Seminários de Pesquisa, Bases Conceituais da Educação Profissional e Tecnológica e Metodologia da Pesquisa) e iniciamos o processo de orientação do projeto de pesquisa para desenvolver o produto educacional.

É um processo bastante interessante, porque ao contrário da maioria dos mestrados acadêmicos, a gente não entra no curso já sabendo exatamente o que vai pesquisar. A partir das linhas de pesquisa, é possível trabalhar inúmeras situações. A partir daí a gente começa a maturar a ideia do que vai produzir em termos de pesquisa e produto.

Uma vantagem é a concentração das aulas num só dia. Como estou em Aquidauana, para mim não é muito difícil esse deslocamento para Campo Grande, então tem sido tranquilo.

Meu produto

Ainda estou na fase de fazer o projeto de desenvolvimento. Meu produto será um roteiro de aulas práticas para a disciplina de Instalações Hidrosanitárias do curso de Edificações do Campus Aquidauana, para poder auxiliar os estudantes num melhor aprendizado. Vamos testar esse modelo para verificar os desafios e potencialidades dele.

Como docente, estou aproveitando a sala de aula para desenvolver o produto, mas não precisa ser necessariamente assim. Tudo que envolve o espaço formal da escola e também o não formal, externo, pode ser aproveitado para se produzir um produto educacional.

Experiência enriquecedora

Sou de uma área de bacharelado, que é Engenharia Civil, e apesar de ter cursado uma pós-graduação em docência, voltar a estudar a educação e a forma como a gente conduz o processo educativo em sala de aula são experiências extremamente enriquecedoras. A cada aula no mestrado eu vou conhecendo novas práticas educativas, então a gente vai aumentando nosso repertório pedagógico, digamos assim, para utilizar em sala de aula.

Todo o processo tem sido extremamente gratificante. Desenvolver o produto, colocá-lo na sala de aula, ver o resultado com os estudantes, acredito que isso tudo vai ter um impacto na educação profissional e tecnológica. A ideia do mestrado profissional é essa, melhorar a profissão e o desempenho profissional. São vários estados desenvolvendo, ao mesmo tempo, produtos para melhorar os processos da educação ofertada pelos Institutos Federais.

Ficou interessado? - As inscrições devem ser feitas na página do ProfEPT até 18 de março. A taxa é de R$ 72,00. O Exame será aplicado no dia 17 de maio em todo o país. Em Mato Grosso do Sul, os candidatos farão a prova em Campo Grande. 

A previsão é que as aulas tenham início em agosto, sempre às segundas-feiras, no período da manhã, tarde e noite, se houver necessidade. 

O corpo docente é formado por professores dos campi Campo Grande, Corumbá, Coxim, Dourados e Nova Andradina. As linhas de pesquisa do mestrado profissional são:

• Práticas Educativas em Educação Profissional e Tecnológica: trata dos fundamentos das práticas educativas e do desenvolvimento curricular na Educação Profissional e Tecnológica, em suas diversas formas de oferta, a partir de uma abordagem inclusiva, interdisciplinar, em espaços formais e não formais, em conformidade com a perspectiva do trabalho como princípio educativo e do currículo integrado;
• Gestão e Organização do Espaço Pedagógico em Educação Profissional e Tecnológica: trata dos processos de gestão e organização do espaço pedagógico que contribuam diretamente com os processos de ensino, com foco nas estratégias transversais e interdisciplinares que possibilitem formação integral e significativa do educando.

Mais informações sobre o curso estão disponíveis na página do Mestrado Profissional do IFMS.