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Entrevista

Márcio Lustosa Santos

Nascido na cidade paranaense de Guaraniaçu, professor foi diretor-geral do Campus Nova Andradina
publicado: 27/10/2015 15h25 última modificação: 03/03/2016 09h10
Ascom/IFMS

Desde que foi a Nova Andradina prestar o concurso público do IFMS, em 2009, o engenheiro agrônomo e professor, Márcio Lustosa Santos, traçou sua meta: ser aprovado no concurso e fixar residência na cidade. Seis anos depois, pode-se dizer não apenas que ele conseguiu, como sua vida familiar gira em torno do IFMS. Sua esposa, Rienni de Paula Queiroz, também é engenheira agrônoma e docente do campus, tendo sido aprovada no mesmo concurso, e seu filho mais velho, Pedro Lucas, é aluno do 2º semestre do curso técnico integrado em Agropecuária. Depois que se mudou para Nova Andradina, a família também aumentou, graças ao nascimento da segunda filha, Maria Valentina, em 2012.

Nascido na cidade paranaense de Guaraniaçu, Márcio fez algumas escolhas que podem ser consideradas incomuns. Tendo passado maior parte da infância e adolescência em Curitiba, trocou a capital paranaense pelo interior e nem pensa em voltar para lá. Após concluir o bacharelado em Engenharia Agronômica também optou logo de cara pela docência. E não se arrependeu.

A escolha pela sala de aula e pela pesquisa foi feita na graduação, concluída em 2003 no Campus Marechal Rondon da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste). Depois vieram o mestrado e o doutorado, ambos concluídos na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), em Ilha Solteira. Antes mesmo do término do doutorado, veio a primeira experiência como professor na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Tangará da Serra, no ano de 2007.

Em Nova Andradina, sua atuação junto ao campus tem sido bastante intensa. Em cinco anos já foi coordenador de curso, diretor de ensino e diretor-geral pro tempore, além das atividades habituais de docência, pesquisa e extensão. Também participou da fundação da Associação de Pais e Mestres do campus.

Prestes a deixar a direção-geral do campus, cargo que ocupou por pouco mais de dois anos, o professor conta abaixo um pouco de sua trajetória e sobre a importância do IFMS na sua vida pessoal e profissional.

Como foi feita a escolha por Nova Andradina?

Vários fatores pesaram. Os principais foram a vocação do campus para a área agrária e a estabilidade de ser professor efetivo. Também contribuiu o fato de ficar perto dos meus familiares, já que parte deles ainda mora no Paraná, enquanto que os da minha esposa estão aqui no Mato Grosso do Sul.

Você passou boa parte da sua vida em Curitiba. A adaptação em Nova Andradina foi difícil?

Não, porque desde a minha infância, apesar de morar na capital, passei vários momentos, como feriados e férias, no interior com a minha família. Inclusive esse contato foi decisivo na escolha da área em que atuaria profissionalmente.

E como foi a escolha pela docência? Chegou a atuar profissionalmente em alguma empresa antes?

Desde que terminei a graduação, decidi que o meu caminho seria traçado na docência. Pode-se dizer que foi um interesse fomentado durante minha trajetória acadêmica. Fui bolsista por algum tempo na graduação. Após concluí-la, prestei a seleção para a pós-graduação e fui logo aprovado. Mesmo tendo alguns empregos em vista, inclusive com convite de multinacionais, a decisão já estava tomada.

Foi a escolha certa?

Sim. Não apenas pela estabilidade, mas também pelo gosto adquirido durante a graduação. Nesse período percebi que tinha vocação e interesse pelas questões acadêmicas e científicas.

Como o IFMS hoje faz parte da sua vida?

A instituição deu outro rumo na minha vida, sem dúvida. Desde o momento em que eu entrei em exercício, minha família está sendo constituída em torno do Instituto. Hoje minha esposa é docente do campus no mesmo eixo tecnológico em que atuo, Recursos Naturais, e tenho um filho que faz o curso técnico em Agropecuária. Também depois que viemos para Nova Andradina nossa família aumentou com a chegada da nossa segunda filha.

E como você descreve sua relação com o campus?

Desde o primeiro momento, eu vim com a convicção de que aqui é o lugar em que gostaria de atuar até o momento da minha aposentadoria. Ao contrário de alguns servidores que passaram pelo campus, eu vim para ficar. Eu acredito muito no Campus Nova Andradina, independente de estar na gestão ou apenas em sala de aula. É esse campus que eu quero ajudar a desenvolver. É claro que, comparado com as escolas centenárias da Rede Federal, minha participação aqui não chegará a tanto, mas farei o máximo que puder enquanto estiver por aqui.

Muitos dos servidores que vieram para o campus já foram embora. Você, pelo contrário, segue aqui desde o início. Por que resolveu ficar?

Creio que muitos deles não se fixaram devido ao fato da nossa estrutura ficar na zona rural. Isso nunca aconteceu comigo. Sempre me identifiquei com a vocação do campus. Acredito também que a distância faz com que muitos servidores desistam. Claro que uma área urbana no futuro fará com que o campus tenha uma fixação maior de servidores. Mas a questão do trânsito de uma zona urbana para outra, rural, nunca foi um empecilho para mim.

Na sua opinião, em que estágio o campus se encontra atualmente?

Mesmo passado o período de implantação, que é a realidade da Rede Federal como um todo, ainda existem algumas ações a serem efetivadas. Mesmo assim, depois de cinco anos e meio, já tivemos melhorias significativas na área estrutural e na pedagógica. Atualmente existem alguns aspectos que merecem atenção maior. Um deles é a logística. Também precisamos consolidar nossos cursos, além de colocarmos em prática outras ações previstas no Plano de Desenvolvimento Institucional. Resumindo: muita coisa já foi feita, mas ainda há muita coisa a se fazer.

E quais são os principais desafios?

Consolidar e ampliar o número de cursos, para que atendam os anseios locais e regionais. A partir disso, o campus pode se desenvolver naturalmente. Do ponto de vista estrutural, creio que as melhorias mais urgentes tenham que ser feitas na moradia estudantil e no refeitório, além, é claro, do acesso ao campus.

Que avaliação você faz do seu período na gestão?

Nesse período, procurei incentivar a abertura de novos cursos e a ampliação da oferta de vagas. Para isso, também foi necessário avaliar a logística do transporte de estudantes. Dessa forma, lutamos pela ampliação da frota de veículos. Procuramos ainda democratizar algumas ações locais, para aumentar a participação da comunidade, e conduzir da melhor maneira possível o processo de descentralização do orçamento do campus.

Você vive integralmente em Nova Andradina, sem residência em outra cidade. Que percepção tem da maneira como a comunidade vê o campus?

Desde que estou aqui, me envolvi com a sociedade em várias ações e fiz amizades, que me permitem observar como a comunidade enxerga nosso campus. Anteriormente, havia apenas uma vaga ideia do que seria a instituição, uma escola que era para ter sido colocada em funcionamento há muito tempo, fato que não ocorreu. Hoje, no entanto, é perceptível que as pessoas já observam o IFMS de outra forma. Isso se deve às ações de extensão, cursos ofertados e participação dos estudantes em competições acadêmicas, esportivas e feiras científicas. A confiança na instituição e a visibilidade que ela tem hoje são bem maiores.

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Assunto(s): Professor