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Entrevista

Glaucia Lima Vasconcelos

Brasiliense, a Pedagoga está no IFMS desde 2011 e é a atual Coordenadora de Cursos de Graduação
publicado: 02/04/2015 10h33 última modificação: 03/03/2016 09h14
Ascom/IFMS Pedagoga

Pedagoga

"Sou de Brasília, comecei minha vida escolar em escola pública". É assim que Glaucia Lima Vasconcelos, pedagoga do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) e atualmente coordenadora de Cursos de Graduação, já começa demonstrando sua paixão pela educação e pelo ensino público.

Trabalhando na área desde os 18 anos, ela acredita que a educação tem o potencial de transformar a sociedade e leva isso a sério na rotina de trabalho. Sobre sua chegada ao IFMS, em 2011, ela relata que se esforçou muito para entrar no Instituto por acreditar que uma instituição federal é o melhor local para atender estudantes de todas as classes.

Glaucia trabalhou na formação de professores antes de entrar no IFMS e, depois de se tornar servidora, atuou junto aos docentes do Câmpus Campo Grande no atendimento de estudantes e no planejamento de aulas. Um trabalho que ela continua até hoje na coordenação da Especialização em Docência para a Educação Profissional, Científica e Tecnológica no câmpus.

Além da experiência como profissional, Glaucia tem a vivência de mãe de estudante do IFMS. O filho dela, João Pedro, está concluindo o curso técnico integrado em Informática na Capital.

Nesta entrevista, ela também reflete sobre as expectativas para a instituição.

Como você decidiu entrar no Instituto Federal?

Eu sempre gostei de educação. Trabalho na área desde os 18 anos. Sou apaixonada e acredito muito no potencial da educação para transformação da sociedade. A possibilidade de fazer um concurso público para uma instituição federal veio para mim como um vislumbre. Tanto que eu estudei de verdade. Fui fazer cursinho para a prova, porque eu não conseguia admitir a possibilidade de não ingressar. Passei e vim trabalhar na pró-reitoria de Ensino e Pós-Graduação. Duas semanas depois, eu senti falta do ambiente escolar. Eu sou de chão de escola, gosto de estar ali. Então, pedi para que eu pudesse ir para o Câmpus Campo Grande e fui muito bem aceita. Todos estavam esperando uma pedagoga.

Como foi essa recepção? Essa acolhida?

Os professores já vieram compartilhar suas dificuldades. Isso foi pra mim um fator motivador. Trabalhei no câmpus três anos. As atividades que mais me encantavam eram as que me envolviam em sala de aula, ajudando os professores, enfrentando as dificuldades e propondo soluções. Recentemente fui chamada para vir para a reitoria e atuar no ensino superior. Um desafio novo. No câmpus, eu já atuava no ensino superior, especialmente nas ações ligadas a planejamento e à avaliação da instituição pelo MEC.

Mas você diz que é chão de fábrica. Não está sentindo falta dos estudantes?

Ainda estou morrendo de saudades. De vez em quando vou ao câmpus para dar uma olhada como as coisas estão lá. Mas acho que a gente também precisa enfrentar novos desafios na vida. Era o momento para tentar uma coisa nova.

Os desafios vividos no câmpus foram muitos. Vocês estavam em uma sede provisória, em uma instituição que está começando.

De fato. Foram muitos desafios, mas a questão da infraestrutura da sede provisória foi o menor deles. O maior desafio foi mergulhar no universo da Educação Profissional. Eu não conhecia e todos os professores também tinham muitas dificuldades. Foi gostoso promover a integração entre a educação básica e a educação profissional, dentro de uma instituição que precisa ter essa característica. Acredito que a gente avançou muito.

Foi um crescimento conjunto para todo o câmpus?

Crescimento de todos. Docentes, servidores administrativos que precisam compreender o que é uma instituição educacional e como esta instituição atende ao público. Dos alunos, que no início também não conseguiam compreender o que é um curso integrado. E da própria comunidade de Campo Grande que vem conhecendo o Instituto aos poucos. A gente está desbravando um universo novo na nossa região.

Há duas semanas nós atingimos um número recorde de prêmios na Febrace. Como pedagoga, a que você atribui este resultado?

Acredito que é mérito de toda a equipe. Nós tínhamos desde o início da implantação um grande número de professores que não atuavam na educação básica, mas já tinham experiência em pesquisa. Acho que a união dessa experiência com a empolgação do adolescente fez com que a gente tivesse esse resultado. Os professores descobriram que trabalhar pesquisa com o adolescente pode ser muito fascinante. Eles se envolvem num trabalho de forma muito intensa. Outro ganho que a gente teve é que os estudantes descobriram que também se aprende por meio da pesquisa. Conseguimos um crescimento além da nossa expectativa e ouso dizer até que a vocação do Câmpus Campo Grande é a pesquisa.

O que você fazia profissionalmente antes de entrar para o Instituto?

Atuei como professora na educação básica, nos anos iniciais do 1º ao 5º ano, trabalhei com estudantes nos anos finais, no ensino fundamental, trabalhei com ensino médio e como supervisora pedagógica no colégio Dom Bosco. Um outro trabalho que eu gosto muito é a formação de professores. Várias vezes já trabalhei com palestras, com cursos de formação de professores. No câmpus fiz isso no curso de especialização. Foi uma delícia, porque a gente está ofertando a formação pedagógica para os professores que não tinham a licenciatura.

Essa paixão pela educação surgiu como?

Meus pais não tinham formação alguma, estudaram até a quarta série do ensino fundamental num grupo escolar pequeno, no interior do Ceará, mas sempre mostraram pra gente que a escola abre caminhos. Isso pra mim foi extremamente importante. Depois, na faculdade, eu comecei em Brasília e fui transferida para cá porque meu marido é militar. Terminei o curso de pedagogia aqui, na UFMS, depois fiz mestrado em educação pela UCDB, publiquei um livro, logo depois do mestrado, sobre a leitura em sala de aula, que é um tema que eu gosto de trabalhar, e depois entrei no IFMS. Estou querendo arrumar um doutorado agora.

Glaucia, além de ter a visão de pedagoga que está ajudando a melhorar o ensino, você também tem a visão do estudante, pois o seu filho entrou para o Instituto. Como foi isso?

No início, eu o estimulei a fazer o exame de seleção. Ele fez bem empolgado, mas nos primeiros dias ele ficou inquieto, pois não entendia o que era a educação profissional. Hoje, eu observo que nós fizemos uma excelente escolha. Ele se envolve bastante nas atividades de sala de aula, de pesquisa, culturais, de forma extremamente produtiva e com grande alegria. Isso pra mim, enquanto mãe de estudante, é fundamental. Nesse sentido, o Instituto deu conta de todas as expectativas que nós tínhamos em relação a formação dele. Mas, o mais importante de tudo é ele ter conseguido repensar uma série de temas em relação à cidadania, a como se postar diante do mundo e a conviver com estudantes que vem de diferentes classes sociais, que vieram de diferentes escolas. Ele tem amigos que moram na periferia, tem amigos que moram nos bairros nobres da cidade, que vieram de escolas diferentes. Conviver com essa diferença toda para ele foi muito importante. Uma instituição não pode abrir mão de trabalhar esses aspectos também. Nesse sentido estou muito satisfeita, ele viveu todo esse processo.

Você está realizada com o que é o IFMS hoje e com o que você fez aqui dentro?

Não. Eu já relizei algumas coisas, mas existem outras coisas que eu ainda gostaria de ver acontecer. Uma delas é nós conseguirmos nos empenhar mais, investir um pouco mais de energia na formação de professores. Espalhar mais nos câmpus os ideais da educação profissional. Mas eu acredito que a gente chega lá.

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